Advogado, agricultor, juiz: delegados voluntários são a voz das igrejas locais
Com experiências diversas, os delegados contribuem ativamente nas decisões que orientam o futuro da igreja global.

Dentro da diversidade da igreja, há uma ampla representação de línguas, etnias, pensamentos, profissões e experiências que compõem uma igreja multicultural, unida e global, com participação comunitária ao redor do mundo.
Os 2.809 delegados de diferentes partes do mundo que participam com direito a voz e voto nesta 62ª Assembleia da Associação Geral não representam apenas a si mesmos, mas também os mais de 23 milhões de membros da igreja espalhados globalmente. Entre eles, estão delegados voluntários que vivenciam a Assembleia de forma distinta dos “missionários” da igreja e que, ao se envolverem no processo de governança, muitas vezes fortalecem sua conexão com a igreja — contribuindo para o empoderamento dos membros que não ocupam cargos administrativos.
Além disso, os delegados representam o nível mais importante da estrutura da Igreja Adventista do Sétimo Dia: a igreja local. Sua participação é fundamental tanto no processo geral de votação quanto na Comissão de Nomeações em todos os níveis da igreja — especialmente na Comissão da Associação Geral.
Gabriel Cesano, recém-eleito vice-presidente da Divisão Sul-Americana (DSA) e ex-presidente da Editora Casa Publicadora Brasileira Hispana (ACES) — responsável pelos países hispânicos da América do Sul — participou da Comissão de Nomeações desta assembleia e destacou quatro formas principais pelas quais os delegados contribuem nesse processo:
“Primeiro, eles expressam a visão de suas igrejas locais,” representando os membros de seu território específico. “Segundo, trazem a perspectiva de sua região, com suas particularidades,” oferecendo uma compreensão mais profunda das realidades locais. “Terceiro, a maioria são membros com muitos anos de experiência na igreja, o que enriquece o diálogo do comitê.” E por fim, “sua perspectiva externa fortalece a análise, já que estão livres de vínculos internos com a organização ou de interesses pessoais,” explicou Cesano.
Assim, a participação dos delegados voluntários valida o caráter representativo e a governança comunitária da igreja. Além disso, muitos vivenciam uma transformação pessoal ao participar, retornando às suas comunidades como líderes fortalecidos, com uma visão global e um compromisso renovado com a missão.
Delegados: inspiração para o serviço e a missão
Nos corredores da assembleia, conversamos com alguns desses delegados voluntários — professores, médicos, advogados, agricultores e outros profissionais — que trazem consigo a perspectiva da igreja local no exercício de seu papel como representantes.
Esse é o caso de Gizelle Lou Caabahug Fugoso, 43 anos, advogada nas Filipinas, casada com Raymund Fugoso e mãe de três filhos. Para ela, participar deste evento tem um significado profundo. Esta é a segunda vez que participa e, com gratidão, agradeceu à Divisão Sul-Asiática do Pacífico, sede administrativa da igreja à qual pertence, pela oportunidade valiosa de testemunhar e participar da governança global.
![Gizelle Lou Caabahug Fugoso, advogada nas Filipinas e representante da Divisão Sul-Asiática do Pacífico. [Foto: Seth Shaffer / Adventist Media Exchange (CC BY 4.0)]](https://images.hopeplatform.org/resize/L3c6NzY4LHE6NzUvaG9wZS1pbWFnZXMvNjVlNzEzMDFmNjU1MjgxYTUzOGVkMzczL0RqMTE3NTIxOTk2MzYwOTcuanBn/w:768,q:75/hope-images/65e71301f655281a538ed373/Dj11752199636097.jpg)
O que mais inspira Caabahug é ver como a igreja promove a transparência na eleição de líderes, na definição de diretrizes e na votação de mudanças constitucionais. Ela também se sente motivada ao perceber que, apesar das diferenças culturais e geográficas, há unidade por meio de um compromisso comum: “Buscar a Jesus todos os dias, compartilhar Seu amor e proclamar a mensagem da salvação ao mundo,” declarou Caabahug.
Ao ouvir os relatórios dos diversos departamentos, Caabahug percebeu como a obra de Deus está avançando rapidamente e que Sua vinda está muito próxima, o que exige “buscar constantemente a orientação do Espírito Santo, tanto individualmente quanto como igreja.” Ela também destacou que, nas Filipinas, há um grupo de advogados que atua ativamente na evangelização e na defesa da liberdade religiosa.
Dos tribunais à Assembleia da Associação Geral
![Teddy Chibuike Livingstone Eruba, juiz do Tribunal Superior em Aba, Nigéria. [Foto: Seth Shaffer / Adventist Media Exchange (CC BY 4.0)]](https://images.hopeplatform.org/resize/L3c6NzY4LHE6NzUvaG9wZS1pbWFnZXMvNjVlNzEzMDFmNjU1MjgxYTUzOGVkMzczL3RnaDE3NTIxOTk2OTgwNzUuanBn/w:768,q:75/hope-images/65e71301f655281a538ed373/tgh1752199698075.jpg)
Teddy Chibuike Livingstone Eruba, 61 anos, viajou mais de 42 horas desde a Nigéria. Ele atua como juiz do Tribunal Superior na cidade de Aba, no leste do país, e já havia participado como delegado na Assembleia da Associação Geral de 2010, em Atlanta. Teddy é casado com June Eruba e pai de cinco filhos.
Ativo em sua igreja local — Umuokahia Aba, da Associação do Leste da Nigéria —, ele serve como ancião e diretor dos Ministérios de Liberdade Religiosa e da Família. Para ele, a representatividade de sua região é algo essencial.
Ele destaca: “Viemos acompanhar atentamente o processo para garantir que questões não santificadas não sejam incorporadas ao nosso sistema de políticas, e também para tomar decisões e aprovar diretrizes que fortaleçam o objetivo principal da igreja, que é a salvação de almas.”
Assim, quando ocorre a Assembleia da Associação Geral, “todo membro responsável da igreja se interessa por garantir que políticas adequadas sejam implementadas para promover o crescimento espiritual das pessoas. Isso é ainda mais urgente, considerando que vivemos nos momentos finais da história, e cada membro da igreja precisa estar orientado para a missão, a fim de assegurar que o evangelho seja proclamado ao redor do mundo,” enfatizou Eruba.
Vivendo esta experiência pela primeira vez

Marvin Corrales, de 63 anos, vem da Costa Rica, na América Central. É agricultor por profissão — um trabalho que, segundo ele, realiza com muito orgulho. Casado com Ilse Mayela, de 60 anos, está com ela há 42 anos, e juntos têm quatro filhos.
Marvin expressou sua alegria por participar pela primeira vez de uma Assembleia da Associação Geral. Ele viajou mais de seis horas para chegar a este grande evento e afirmou:
“Estou maravilhado ao ver como o evangelho está se espalhando pelo mundo. Foi algo impactante para mim, e quero levar isso de volta para minha igreja local e contar que a mensagem dos três anjos continua sendo proclamada com mais força do que nunca.”
Corrales destacou que pertence à Igreja Adventista do Sétimo Dia há mais de 50 anos e que foi apresentado ao evangelho por um “chefe” com quem trabalhava. Vindo de outra denominação, ele estudou profundamente a Palavra de Deus e concluiu que as verdades ali contidas eram inegáveis — o que o levou a tomar sua decisão por Jesus por meio do batismo.
![Erwin Aguilar, engenheiro e delegado da Igreja Adventista do Sétimo Dia Pioneira, em Temuco, sul do Chile. [Foto: Seth Shaffer / Adventist Media Exchange (CC BY 4.0)]](https://images.hopeplatform.org/resize/L3c6NzY4LHE6NzUvaG9wZS1pbWFnZXMvNjVlNzEzMDFmNjU1MjgxYTUzOGVkMzczL0pYNTE3NTIxOTk4ODA2NTYuanBn/w:768,q:75/hope-images/65e71301f655281a538ed373/JX51752199880656.jpg)
Da mesma forma, Erwin Aguilar, de 55 anos, engenheiro, casado há 34 anos com Ximena Villena, com quem tem dois filhos, compartilhou sua alegria em participar desta experiência pela primeira vez.
“Sou muito grato a Deus,” afirmou Aguilar. Ele pôde confirmar que “temos uma igreja organizada e equilibrada. Deus se alegra na ordem, pois Ele é um Deus de ordem.”
“Ele ainda destacou que é ‘um privilégio participar da obra do Senhor e... podemos confiar que Deus está dirigindo Sua igreja. Logo veremos Apocalipse 18:1 se cumprir com o derramamento do Espírito Santo, e veremos nosso Senhor vindo nas nuvens do céu.’”
Uma adventista em ação: de Trinidad e Tobago à Assembleia da AG
Natascha Brown Alleyne, advogada em Trinidad e Tobago, viajou mais de 15 horas até St. Louis, Missouri, para participar pela primeira vez de uma Assembleia da Associação Geral.
Ela acredita que esse encontro é importante porque proporciona uma visão global da igreja: “Você passa a entender o que acontece nos bastidores, porque o que normalmente vemos é apenas o resultado final.” Alleyne comentou que nunca havia presenciado esse processo e que “foi realmente uma revelação para mim, fazer parte de um processo de mudança.”
Vale destacar que Alleyne é uma líder ativa em sua igreja local: é anciã, participa dos Ministérios da Mulher e da Família, apresenta a Escola Sabatina de adultos e também atua na ASi (Serviços e Indústrias de Membros).
Como líderes, ela e o marido, Roger — diretor do Ministério da Família em sua igreja —, apoiam-se mutuamente realizando campanhas evangelísticas, nas quais ele atua como orador. Embora tenham empregos seculares, o casal também participa de campanhas evangelísticas, alcançando mais pessoas com a mensagem.
Magdiel Pérez, assistente do presidente da Associação Geral no momento da entrevista e duas vezes secretário da Comissão de Nomeações da Assembleia, comentou sobre a importância dos delegados nesse processo.
“A participação deles contribui para a administração da igreja. Ter irmãos e irmãs voluntários na Comissão de Nomeações, onde podem dar suas opiniões, expressar preocupações e relatar o que acontece nas igrejas locais, traz um retorno valioso,” ajudando a alinhar os planos da igreja com a realidade do campo.
Ele também destacou: “Quando o delegado vê como a administração e as eleições da igreja acontecem, percebe que é um processo transparente. Vê que nomes são propostos e discutidos com responsabilidade, sempre buscando o que é melhor para servir à igreja mundial.”
Segundo Pérez, o processo vivido na Comissão de Nomeações da Assembleia Geral é uma “réplica” do que acontece nas igrejas locais.
“As responsabilidades são diferentes, o número de pessoas eleitas é maior, mas o membro da igreja, ao voltar para casa — seja empresário ou dona de casa — retorna com a percepção de que fazemos parte de uma igreja mundial, e que seguimos o mesmo modelo em todos os lugares.”
“Jesus Está Voltando — Eu Vou!”
Os delegados destacaram a importância de estarem presentes nesta Assembleia da AG e as impressões que levarão às suas igrejas locais.
Aguilar mencionou que sua participação é importante “para ampliar a visão sobre a igreja global. Somos parte de uma congregação mundial e podemos levar essa perspectiva às nossas igrejas locais. A mensagem é clara: Envolvimento Total de Membros (TMI, em inglês), e declarar com autoridade: ‘Envia-me, eu irei’.”
Independentemente da profissão ou vocação dos membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, “cada um de nós tem um papel no avanço da missão de Deus. Nossa carreira não está separada da nossa fé — ela é uma plataforma por meio da qual podemos servir com propósito e convicção,” afirmou Caabahug, das Filipinas.
Entre as experiências vividas durante a Assembleia, ela ressaltou que todos “têm um papel a cumprir.” Mesmo as contribuições mais simples fazem diferença.
“E se realmente queremos que Jesus volte, precisamos nos envolver de verdade,” reforçou Alleyne, incentivando todos os membros a participarem das atividades da igreja local, na medida do possível.
“Se você nunca participou de uma Assembleia da Associação Geral, tente vir pelo menos uma vez, mesmo como visitante, para ver o que acontece aqui.”
“Fazer parte desse encontro histórico reafirmou para mim que minha profissão é um meio de servir à igreja com humildade e dedicação. E por isso, eu respondo ao chamado: ‘Eu Vou’,” concluiu Caabahug.
Dessa forma, a Igreja Adventista do Sétimo Dia reafirma seu compromisso com o envolvimento de todos os membros, destacando a representatividade da igreja — especialmente a local — e engajando pessoas de todas as línguas, etnias, culturas e profissões, unidas por um propósito: proclamar a mensagem e anunciar a breve volta de Jesus Cristo.
Acompanhe os conteúdos deste encontro global da Igreja Adventista do Sétimo Dia no site exclusivo para a cobertura do encontro, com conteúdos produzidos pela Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN), Adventist News Network (ANN), Revista Adventista em português (CPB), Revista Adventista em espanhol (ACES), e Rádio, Web e TV Novo Tempo. Para acessar a página, clique aqui.
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